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Crítica da 2ª temporada de “Wandinha”: Jenna Ortega perde espaço em meio ao caos da Família Addams em retorno tumultuado da Netflix

Menos Ortega, mais confusão

Para quem terminou a primeira temporada de “Wandinha” esperando mais mistério e menos humor, maior foco nos demais membros da Família Addams e uma expansão do universo sobrenatural, a nova leva de episódios pode até agradar. Mas para quem foi fisgado pela atuação magnética de Jenna Ortega, indicada ao Emmy, pela direção estilizada de Tim Burton e por toques de humor sombrio, a segunda temporada será uma decepção considerável.

Três anos se passaram desde a estreia da série na Netflix, tempo suficiente para que o elenco juvenil amadurecesse — e para que muitos espectadores esquecessem os detalhes da trama original. Felizmente (ou não), o roteiro trata de relembrar o essencial, ainda que isso acabe sendo quase irrelevante diante do rumo genérico tomado pela nova fase. Os primeiros quatro episódios, agora disponíveis, parecem extrair elementos já vistos em “O Mundo Sombrio de Sabrina”, “Percy Jackson” e até na saga “Harry Potter”, sem oferecer uma identidade própria.

Uma protagonista ofuscada pelo excesso

Na tentativa de ampliar o universo de “Wandinha”, a série dilui justamente aquilo que a tornava especial: sua protagonista. Jenna Ortega, que alçou o papel à condição de ícone pop, tem menos espaço e presença nesta segunda temporada. A impressão é de que a atriz — hoje uma das mais requisitadas de sua geração — optou por se afastar parcialmente do projeto, o que resultou numa narrativa mais dispersa e menos centrada em sua performance.

Com isso, a personagem Wandinha, originalmente criada pelo cartunista Charles Addams com um humor ácido e sombrio, acaba se perdendo num enredo típico de drama adolescente sobrenatural. O charme macabro e a personalidade fria que encantaram o público na primeira temporada se diluem num mar de conflitos genéricos e subtramas pouco inspiradas.

Retorno a Nevermore: mais do mesmo?

A história retoma poucos meses após os acontecimentos do final da primeira temporada. Wandinha e seus colegas retornam das férias para mais um ano letivo na Academia Nevermore, uma escola para jovens com habilidades paranormais. A instituição continua sendo uma mistura óbvia entre Hogwarts e a Escola Xavier para Jovens Superdotados, com divisões em casas, facções e categorias de poderes, agora ainda mais enfatizadas.

Esse ambiente, que já parecia derivativo anteriormente, agora mergulha de vez no clichê. A ambientação perde força criativa, e os conflitos escolares se acumulam sem muita originalidade. A tentativa de explorar novos personagens da Família Addams soa promissora, mas esbarra na falta de foco e no excesso de histórias paralelas, que pouco contribuem para o desenvolvimento da trama central.

Expectativas frustradas para fãs da primeira temporada

Se a expectativa era por uma evolução da fórmula que fez sucesso em 2022 — uma combinação equilibrada entre humor ácido, mistério e estética gótica —, o que se vê é uma expansão desgovernada. O carisma de Ortega, tão presente anteriormente, agora compete com uma série de personagens e situações que desviam a atenção e enfraquecem a narrativa.

Mesmo com uma base de fãs sólida e uma recepção inicial calorosa, “Wandinha” corre o risco de perder sua essência ao tentar se encaixar demais nos moldes de outros sucessos do gênero. A segunda temporada entrega mais do mesmo, porém com menos impacto e identidade. Ainda há potencial para retomada nos próximos episódios, mas os sinais até agora apontam para um caminho sem o mesmo brilho sombrio do início.