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Walmart mantém previsões para 2025 e promete preços baixos, apesar das tarifas impostas por Trump

A gigante varejista americana Walmart anunciou nesta quarta-feira (9) que manterá suas previsões de crescimento para o ano fiscal de 2025, mesmo diante do impacto negativo das novas tarifas comerciais impostas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A empresa reafirmou o compromisso de manter os preços acessíveis aos consumidores, mesmo com o aumento dos custos de importação.

Durante o encontro anual com investidores realizado em Dallas, no Texas, o CEO da companhia, Doug McMillon, reforçou a resiliência da empresa diante de períodos turbulentos. “Aprendemos a administrar em momentos desafiadores. Embora nem tudo esteja claro sobre o que está por vir, temos clareza sobre nossas prioridades e nosso propósito. Vamos continuar focados em manter os preços o mais baixos possível e gerenciar bem nosso estoque e despesas”, declarou o executivo.

Mesmo com o cenário de incerteza gerado pelas tarifas comerciais, a empresa não alterou suas projeções para o ano fiscal que termina em janeiro de 2026. A expectativa da Walmart é de que as vendas cresçam entre 3% e 4%, enquanto o lucro operacional ajustado deverá ter um aumento entre 3,5% e 5,5%.

A varejista também manteve a previsão para as vendas do primeiro trimestre, mas informou que o crescimento do lucro operacional no mesmo período poderá variar mais do que o previsto anteriormente. Esse ajuste se deve, principalmente, à necessidade de investir em cortes de preços para mitigar os impactos das tarifas que passaram a incidir sobre os produtos importados.

Segundo analistas, essa estratégia pode representar uma tentativa da Walmart de ampliar sua participação no mercado, mesmo que isso afete negativamente as margens de lucro no curto prazo. Michael Baker, analista da D.A. Davidson, comentou que a movimentação sugere uma estratégia voltada para ganho de mercado, embora envolva sacrifícios nos resultados financeiros imediatos.

Em fevereiro, a empresa havia anunciado que esperava um crescimento no lucro operacional ajustado do primeiro trimestre entre 0,5% e 2%. Agora, com a entrada em vigor das tarifas, a previsão permanece, mas com mais incertezas quanto aos resultados finais.

O impacto das tarifas é particularmente preocupante para a Walmart por causa de sua forte dependência de importações. De acordo com um relatório da agência Reuters publicado em novembro de 2023, cerca de 60% dos produtos importados pela varejista vêm da China, enquanto o Vietnã figura entre os cinco principais fornecedores da empresa.

As novas tarifas “recíprocas” determinadas por Trump começaram a valer nesta quarta-feira e atingem dezenas de países. Entre as medidas está uma sobretaxa de 104% sobre produtos chineses, o que aprofunda ainda mais as tensões comerciais no cenário internacional e eleva o risco de uma recessão global.

Apesar desse ambiente mais adverso, a direção da Walmart afirmou que não há motivos para alterar a estratégia atual da companhia. “Nada no cenário atual justifica mudanças no nosso plano de negócios”, afirmou a empresa durante o encontro com investidores.

As ações da Walmart, que haviam caído quase 9% desde o anúncio inicial das tarifas em 2 de abril, registraram alta de cerca de 5% nas primeiras horas do pregão desta quarta-feira, demonstrando a confiança do mercado na capacidade da empresa de enfrentar o cenário econômico mais difícil mantendo sua competitividade.